Veja se isso aqui soa familiar pra você:

1 – Decorar o campo harmônico das escalas maior, menor harmônica e melódica;

2 – Fazer a análise harmônica e a escala que você usa não tem relação com a tonalidade do momento;

3 – Quando você toca uma progressão harmônica diatônica você pensa vertical e não horizontal.

Provavelmente você já vivenciou ou está vivenciando um desses pontos citados e a razão para esse problema é que a forma como ensinam improvisação não demonstram a diferença entre a verticalidade para a horizontalidade e o Conceito Lídio Cromático separa estas duas formas de improvisar, pois são dois contextos que uma música atua.

Você deve estar se perguntando “Mas Michael, eu vi um vídeo seu no youtube e pelo o que entendi O Conceito Lídio Cromático te ensina a mesma coisa só que com outros nomes”

Será que o Conceito Lídio Cromático te faz aprender tudo novamente com outros nomes?

Será mesmo?

Vamos parar pra pensar um pouco, a teoria musical tradicional nos oferece a escala maior, certo?

E por qual motivo devemos saber a mesma escala com sete nomes diferentes?

Você já se perguntou isso?

Você já se perguntou por que você decora os sete modos da escala maior + os sete modos da escala menor harmônica + os sete modos da escala menor melódica? Isso sem falar os sete modos da escala maior harmônica e os sete modos da escala menor melódica (#5) que Ron Miller aborda em seu livro. Somando tudo temos trinta e cinco modos com os mesmos acordes (é muito sofrimento).

A maioria mal consegue usar a escala menor melódica e a razão é muito simples, muito nome, muita escala e o principal, muita desorganização.

Quando você decora, você não compreende como a música funciona de forma orgânica e se tem uma coisa que George Russell me ensinou é que você só precisa saber como a Gravidade Tonal atua nos contextos vertical e horizontal.

Russell demonstra que a Escala Lídia representa a Tônica Vertical, o acorde e a Escala Maior a escala que busca (vai em direção) ao acorde, ou seja, tudo o que você precisa saber para dar os primeiros passos na improvisação é criar frases, pois você pode criar uma frase sobre o acorde ou uma frase sobre uma progressão de acordes.

Horizontal é Movimentação

Vamos pegar a progressão mais famosa da última semana de todos os tempos, o famoso II V I.

Pela teoria musical tradicional temos estes mesmos acordes dentro de C maior, então a função harmônica diz que há uma movimentação harmônica buscando a sua tônica, sendo assim a escala de C maior sobre o II V resolvendo no I representa a horizontalidade.

Veja, é assim que a horizontalidade funciona, uma escala para uma progressão harmônica e nada mais, mas a galera gosta de complicar, ou seja, você já deve ter achado esse tipo de raciocínio para improvisar verticalmente sobre o II V I, certo?

Esse raciocínio é de uma burrice tremenda, pois você está fazendo a mesma escala, mas começando em lugares diferentes. Está aí o motivo que faz você travar na hora de improvisar sobre uma progressão harmônica diatônica, você bota o seu cérebro pra decidir primeiro qual é a escala para depois criar a frase.

Agora, observe a melodia sobre Dm7 e G7, ali soa Dó maior? Ali soa dórico e mixolídio?

Você ouve dó maior por causa do acorde de C maior na área de cadência, mas no Dm7 e G7 você ouve tudo sendo uma coisa só e é aí que o Conceito abre a sua cabeça (ou ouvidos), pois você não está ouvindo dó maior pela melodia, mas pela progressão. Na verdade, você ouve Dm7 e G7 se movimento para C maior e a improvisação vertical segue a progressão.

Improvisação Vertical com o Conceito Lídio Cromático

No Conceito Lídio Cromático o acorde está em unidade com a Escala Lídia, ele é um gênero modal (possui a mesma origem), ou seja, Dm7 e G7 são o mesmo que VI e II de F Lídio, desta forma temos F lídio indo para C Lídio, ou seja, Dm7 e G7 são representações da escala de F Lídio começando pelo sexto grau e segundo grau.

Se você realmente tocou a melodia que está sobre Dm7 e G7, então você percebeu que não soa dó maior naquele momento e isso é o primeiro passo para improvisar verticalmente (improvisar por acorde), ou seja, soar a escala de origem do acorde em sua duração e a razão é simples, uma progressão harmônica é, na verdade, uma progressão de Escala Lídia. Dito isto, o que temos, na verdade, é uma melodia que começa em uma Tônica e finaliza em outra Tônica, veja:

Não acredita? Toque a melodia inteira que você não vai ouvir dó maior, pois como eu disse, você só ouve dó maior por causa da progressão harmônica. Depois compare substituindo a nota sol pelo dó e veja como a sonoridade é MUITO diferente.

Improvisação Vertical Cromática

Bom, agora que você já tem o conhecimento que a melodia é o mais importante e que ela forma uma aliança com o acorde, ou seja, a melodia se conecta com a Tônica Lídia (que no caso é fá), então chegou a hora de trabalharmos o cromatismo.

Dentro da Gravidade Tonal Vertical de F Lídio temos três escalas que representam o núcleo da consonância e que podemos aplicar sobre qualquer gênero modal de F Lídio, então temos A Escala Lídia, Lídia Aumentada e Lídia Diminuta e você está livre para usar estas três escalas sobre Dm7 e G7.

Veja, eu não preciso decorar um monte de campo harmônico com nomes gregos diferentes para chegar nesse resultado, basta alterar uma nota e pronto, isso significa que você deve utilizar o seu julgamento estético, pois o Conceito não ensina estética, ele apenas ensina uma nova organização tonal repleta de possibilidades.

Se você gosta de uma dissonância, então experimente as escalas auxiliares, pois o termo auxiliar é exatamente para auxiliar na dissonância.

A chamada auxiliar blues diminuta é a famosa dominante diminuta, quando que você iria tocar a escala dominante diminuta sobre um II V? Na verdade você só toca no V.

Improvisação Horizontal

Agora que você sabe como é a improvisação por acordes, a improvisação horizontal fica fácil, pois basta escolher o acorde cadencial e aplicar a Escala Maior/Menor deste acorde, isso você sabe fazer muito bem, pois é assim que o tradicionalismo funciona, o que você não sabe é que você tem que soar a Escala Maior em toda a sua duração. Uma vez que você compreende isso, você pode aplicar QUALQUER Escala Maior/Menor de QUALQUER outra Tônica, pois na Horizontalidade, o Elemento Central de Gravidade Tonal é a área de cadência, ou seja, a progressão harmônica irá colorir a sua melodia até chegar na Estação Tônica.

No exemplo abaixo eu estou tocando Eb Maior sobre um “II V” pra dó. Observe a melodia e veja como ela soa claramente Eb Maior. Observe também o efeito gerado ao resolver em C7M, lembra ou não lembra uma cadência picarda?

E aí, você ainda acha que o Conceito Lídio Cromático é mais do mesmo? Quando que você iria tocar Eb maior sobre um II V pra dó?

Você tem ideia de quanto tempo de estudo você iria precisar pra chegar nesse resultado?

Outro ponto que não posso deixar de mencionar é que a improvisação não se trata apenas da escala, mas da frase, pois é com a melodia que você vai definir o contexto e o contexto define o nível de Gravidade Tonal, pois é a melodia que forma uma aliança com a Tônica Lídia, seja no acorde do momento ou na Estação Tônica.

O curso Harmonia e Improvisação aborda tudo isso que foi mencionado neste artigo com muito mais profundidade.

Grande abraço e vejo você em sala de aula!