Afinal de contas, o que é Gravidade Tonal?

Gravidade Tonal nada mais é que a organização das doze notas cromáticas dos sistema temperado em quintas. Assim há um processo de transformar todas as notas em Tônica e com isso podemos compreender a força de atração que uma nota possui/gera sobre a outra e para uma atração existir, uma tônica deve existir primeiro. Russell demonstra como a música atua em três níveis de Gravidade Tonal, isto é, como a força de atração atua no acorde (Vertical), na área de cadência (Horizontal) e sobre uma única Tônica (Supravertical)

A Horizontalidade

A música é uma dimensão que possui três forças, a principal é a força ativa, pois ela esta em constante movimentação. O sistema tradicional é horizontal por natureza, a sua força de atração é na área de cadência e a razão para isso é que toda a sua organização é construída na escala maior e esta escala é horizontal por causa da quarta justa, ela gera a tensão que faz sempre buscar a sua tônica. Faça o teste tocando a escala de C maior e veja como ela, além de soar C maior (claro), resolve em C maior.

Isso explica as funções harmônicas, pois tendo os acordes formados na escala maior, isso significa que eles sempre buscam a tônica. O famoso II V nada mais é que tensão (contém a quarta justa) e a chegada na tônica que é o relaxamento, mas isso não significa que o trítono é o responsável por esse polo de atração, tanto o II quanto o IV representam bem essa tensão.

Observe este tema do Um Anel do filme O Senhor dos Anéis.

Perceba que a melodia soa mi menor sem ao menos ter a terça e a razão para isso é a nota dó.

Mi menor é relativo de sol maior, a nota dó é a tensão que, na linearidade da música, resolve no relativo de sol maior. Isso é a Gravidade Tonal, isso é a força ativa que está em constante movimentação buscando sua tônica.

A Verticalidade

A Escala Lídia (não modo lídio), por outro lado, representa a verticalidade, a unidade entre o acorde e a escala. No Conceito Lídio Cromático a escala maior não forma acordes por causa da tensão que a quarta gera, pois unidade significa estar em perfeita ressonância (vide série harmônica), por isso gênero modal da escala lídia e não campo harmônico como feito no sistema tradicional, pois gênero modal é ter a mesma origem e esta origem é a escala lídia, ou seja, o acorde e a escala lídia são uma única entidade.

A verticalidade é uma força passiva e a sensação que temos é que ela fica flutuando o tempo todo, pois a sua força de atração atua na direção vertical até a sua tônica, por isso o tradicional modo lídio tem essa sonoridade que “não resolve”, compare o tema do Um Anel sendo finalizado com o acorde de Am (Am dórico é relativo de C lídio).

Finalização em Am
Finalização em Em

Aqui está nítida a sonoridade flutuante que Am possui em relação ao Em e essa é a diferença entre força ativa x passiva, Escala Lídia x Escala Maior.

A harmonia original anterior ao acorde de Em é Fm e ainda sim você ouve uma sonoridade forte em cadência por causa da força ativa e assim temos uma melodia que possui uma tonalidade específica que busca a sua tônica e o acorde que é a tônica, Fm é relativo de Ab Lídio, temos Ab Lídio em movimento ascendente para G Lídio (Em).

Essa é a Gravidade Tonal onde temos duas forças que se manifestam entre si, ou seja, a força ativa que sempre busca a sua tônica e a passiva que é a tônica e só em separar estas duas forças, damos uma nova perspectiva para a música. Você improvisa melhor, você compõe melhor, você harmoniza melhor e etc.. Você quer continuar vivendo seguindo regras ou prefere uma organização tonal que demonstra um universo de possibilidades de fácil acesso?

O Conceito Lídio Cromático não ensina mais do mesmo, ele muda a sua forma de compreender a música do ponto de vista orgânico, da sua natureza. Veja aqui mais uma aula sobre um dos temas do Filme do Senhor dos Anéis e veja como a Gravidade Tonal abre uma nova perspectiva para compreendermos a relação dos elementos tonais de uma música.

Grande abraço e vejo você em sala de aula!