O tema função harmônica, estudado na harmonia tonal, mostra a relação hierárquica de cada acorde dentro de um centro tonal, ou seja, a função gera movimento harmônico e, nesse caso, movimento é uma forma organizar uma progressão ou, no termo popular, combinar um acorde com o outro.
Neste artigo mostrarei como pensar de forma funcional pode trazer mais riqueza para sua harmonização.
Funções
Apesar de termos sete acordes e cada acorde ocupando uma função, é possível resumir todos os sete acordes em apenas três: Tônica, Subdominante e Dominante.
Como exemplo, eu vou pegar o acorde do quarto grau de ré maior, ou seja, sol maior.

O mi menor é mais forte que o si menor por conter a nota sol e si, ou seja, fundamental e terça da subdominante. Já o si é mais fraco que o mi por ter apenas a terça e a quinta.
Agora veja as possibilidades de enriquecer o acorde sol maior com notas de tensão.

Se pararmos para analisar profundamente, veremos esses dois acordes dentro de sol.

Temos basicamente todos os acordes da escala de ré maior em um único acorde, como vou saber quando é um acorde invertido ou um acorde com nota de tensão?
Veja o exemplo:

Se tivéssemos que analisar esse trecho, com toda certeza muita gente iria ficar na dúvida em qual acorde colocar no segundo tempo em diante do primeiro compasso.

Devemos fazer todo tipo de pergunta, pois é questionando que a gente chega lá. Exemplo:
Que acordes são esses?
A nota si muda a harmonia a ponto de mudar a função do acorde?
E o segundo tempo, é subdominante ou dominante?
O segundo compasso começa com sol maior ou mi menor com baixo em sol e depois vira sol maior?
Ok, primeiro vamos remover todas as notas que estão no tempo ou parte fraca e articular as notas que estão ligadas.

A escolha do IIm se dá pela tríade de mi menor e o baixo em ré que é a sétima menor fazendo um IIm7 na terceira inversão. Já o acorde seguinte pode ser de sol pois o mi está retardando a entrada do ré. Ora, mas o ré também está retardando a entrada do dó sustenido, não é verdade?
Então vamos ver outra possibilidade de análise:

Agora complicou de vez, VII meio diminuto ou IIm? Veja:

Entretanto, para o meu ouvido e isso é pessoal, não consigo ouvir o VII e sim o II. Faz mais lógica a primeira análise por causa da progressão que é muito mais tradicional do que um VII indo para o II ou IV. Não estou dizendo que é ruim, errado ou algo do gênero, estou dizendo que, pela função harmônica, é mais tradicional o IIm ir para o IV (e vice-versa) do que um VII ir para o IV ou II.
Conclusão
Saber os caminhos harmônicos facilitam a análise, não tenha dúvida disso. Assim como ter o domínio das notas melódicas, pois existem diversos acordes resultantes que nosso ouvido não percebe, mas estão ali e só tendem a deixar nossa harmonização mais rica. O nosso ouvido é o nosso maior aliado, por mais que tenha pegadinha, ainda sim devemos confiar nele. Saber a resolução tradicional do trítono facilita quando surge um acorde resultante de função dominante.
O domínio da função harmônica irá fazer com que você possa gerar diversos acordes, em especial os resultantes, dentro de um único acorde e isso irá deixar sua harmonização com um certo grau de complexidade, por mais que soe simples como o exemplo dado.
Veja uma análise mais profunda:

Grande Abraço!
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